Não espere que o poema
Não espere que o poema
Tape
O buraco que há
Na tua cicatriz
Nem que cure
A ressaca
Do teu mar
Revolto
Ou que vá olvidar
O que não está
Ao alcance da mão
O poema é só
Um rol de palavras
Parvas
Bruscas
Brutas
Talvez obtusas
Quem sabe vagas
Mas é no seu
Deserto
Que se pode avistar
O universo