pra ti, silenciosamente pra ti
Para ti, em silêncio, para ti,
no regato da tua pele, água pura,
minha sede se intensifica, em desejo,
ainda que a devore apenas em pensamento,
ou a saboreie, sentindo-a descer pela goela,
generosa, ensinando-nos a forma do sentido.
Bebo de teu pulso - luz intensa,
brasa viva sob a pele, fogo oculto
que arde sem fim, e tu o sabes, sentes,
ama-me, com teu corpo etéreo, mais que presença,
onde a voz e o lábio, e a língua, em loucura,
gemem enquanto a vida se derrama, enquanto o mel se torna
sabor descoberto pela língua que desvenda mistérios.
Meu desejo te encontra no silêncio,
tua rua, tuas torres banhadas pelo sol, não me revelas,
agora, transformo-me em noite à tua espera,
pela manhã que se anuncia no horizonte,
conhecida somente pelas coisas que se repetem,
como esta vontade indomável
de desvelar o segredo mais íntimo,
o desejo secreto de tocar teu sexo,
a seiva suave que inunda meus sonhos,
entre os dentes, entre os dedos que buscam
tua lira mais doce, desejo-te como
as coisas desejam um nome que as traga à existência.