Fat (gorda)
Eu tinha seis anos e pouco
Quando um estranho feito louco
Falou do meu tamanho
Que eu era grande demais pro carrossel
Foi a primeira vez que eu odiei ser eu.
Me odiar era tão normal
Família ria até passar mal.
Engolir o choro e não a comida
Esse era o lema para eu ser a favorita.
Não tinha escolha, doce ou salgado
Se continuar assim, não vai ter namorado.
Tudo que eu fazia parecia errado.
Quanto mais amada, menos comida no prato.
Era esse o retrato
De uma gorda em relato.
Nunca sou suficiente no espelho
O preto é bom, e mesmo com o batom vermelho
Encurvo os ombros, cubro quadril, ninguém pode ver
Que tenho excesso de carnes e gordura na tez
Não pode ser grande.
Não pode sorrir
Mesmo quando livre
Sempre vem alguém ferir.
Nunca é suficiente,
Malhar, correr, sumir.
Só presto se for um troféu
Para fazer o outro sorrir.