ENCHENTES

Alma amargurada,

bendita na água,

Maldita na míngua,

Mágua pura mágua,

Qual é tua régua?

Não é desta terra?

Não é nesta légua ?

Mas é nesta língua,

Que te peço trégua,

Suplico pena,

Compaixão extrema,

Nesta dor intensa,

Corra Olho nesta serra,

Acalenta esta colina

Tanta boca sem teta,

Tanta mão que grita,

Tanto teto no vão.

Eu vou olhar o céu,

E vou chorar no chão,

Sei, teu murmúrio antigo,

Teu sibilo, teu aviso,

Vaticínio,

Quase uma oração,

Veio no vento, minuano,

Disse que era sina,

De quem não vê,

De quem não ouve,

Que a ferida sangra,

E o solo chora,

Lágrima vira chuva,

lamento enche rio,

Leva casa, cavalo, mourão,

Lava alma, deixa lama,

Mata ilusão.

Ita poeta
Enviado por Ita poeta em 13/05/2024
Código do texto: T8062425
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