Um Tal Gabriel Garcia
Colocou as idéias de lado
esqueceu a roupa de baixo
vestiu o terno amarelado
saiu pela porta da frente.
Andou até a esquina
respirou a brisa quente
achou que estava cansado
de desejar a menina
de tentar entender essa gente.
No auge dos seus setenta
sempre e mais uma vez
comeu da comida fria
ficou por um tempo parado
digerindo o que não mais havia.
Assumiu expressão de lamento
e com o corpo suado
lembrou da vida vazia.
Perdeu-se um tanto assustado
no tempo que tirano não volta
nas lembranças do que fora um dia.
Sorriu um sorriso largo
sentou na mureta estreita
observou o menino afoito
diante da hora tardia.
Bocejou com a boca fechada
pois o gosto era amargo
de sentimento que a morte espreita
de hálito de passado.
E numa prece mal rezada
pediu dos anos mais oito
nessa vida mal vivida
desse tempo desejado
para caminhadas sem destino
no seu terno amarelado.