Eu queria ser algo que não existe
Se descobrir por pessoa
Querendo outra coisa ser,
Fez parte da desperta dor em consciência
Na minha mais tenra idade -
Porque eu queria ser algo que ainda não existe -
Nem bicho, nem rocha nem astro.
Nem objeto, ou planta ou vento.
Eu descobri que sou
Gente de carne e osso, que carne sangra e
Osso quebra
E que o corpo que se move
Pára se a gente não cuida,
E que o coração sangra que nem um corte externo
Se ele sente dor
E que a dor sente-se nos ossos
Quando o coração sangra - pois está tudo interligado
Ser ser humano é ser isso
Esse emaranhado de emoções e carne
Descrença em si
Profundos pensamentos de abandono
Dezenas de momentos esquecidos.
O ser humano que se preze
Ele não atenta contra o acaso
Mas luta à luz da possibilidade
De ser feliz apesar de tudo.
E eu ainda queria e quero
Ser algo que não existe
Que não conheço
Que ninguém conhece
Que nunca se viu
Que nunca se ouviu
Ou sentiu passar -
E isso tudo foi pra dizer: eu desconheço profundamente
O que queria ser.