Eu queria ser algo que não existe

Se descobrir por pessoa

Querendo outra coisa ser,

Fez parte da desperta dor em consciência

Na minha mais tenra idade -

Porque eu queria ser algo que ainda não existe -

Nem bicho, nem rocha nem astro.

Nem objeto, ou planta ou vento.

Eu descobri que sou

Gente de carne e osso, que carne sangra e

Osso quebra

E que o corpo que se move

Pára se a gente não cuida,

E que o coração sangra que nem um corte externo

Se ele sente dor

E que a dor sente-se nos ossos

Quando o coração sangra - pois está tudo interligado

Ser ser humano é ser isso

Esse emaranhado de emoções e carne

Descrença em si

Profundos pensamentos de abandono

Dezenas de momentos esquecidos.

O ser humano que se preze

Ele não atenta contra o acaso

Mas luta à luz da possibilidade

De ser feliz apesar de tudo.

E eu ainda queria e quero

Ser algo que não existe

Que não conheço

Que ninguém conhece

Que nunca se viu

Que nunca se ouviu

Ou sentiu passar -

E isso tudo foi pra dizer: eu desconheço profundamente

O que queria ser.

Ligeia Amanna
Enviado por Ligeia Amanna em 11/05/2024
Reeditado em 11/05/2024
Código do texto: T8061057
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