NÃO TENHO PRESSA...

Não tenho pressa de viver...

Se vivendo já estou há tantos anos!

Desde a ínfima possibilidade

Que algo de maravilhoso aconteça

Neste meu existir que se espalma

Na eventual incerteza de tudo

Incógnita extensão de mim

Que transgrido na imensidão!

Não tenho pressa de amar...

Se amando já estou há quanto tempo!

Desde o romper da aurora todos os dias

Até o crepúsculo vespertino a cada sol

Visto-me de arrebol e alvorecer...

No entanto, o manto escuro da noite,

Revestido de estrelas é meu consolo!

Não tenho pressa de morrer...

Se morrendo já estou todas as horas!

Desde o primeiro suspiro da nascença

Até o derradeiro alento da despedida

Tudo é tão natural e espontâneo...

Surpreendente é não se morrer nunca!

Não tenho pressa...

De nada. Se a existência por si redime

Todos os mistérios que a alma guarda

Serei sempre um fio a se partir ao meio

Sem vida, sem amor e sem nome...

A fenecer em completo anonimato

Onde a poesia eleita regressa ao seio

Poupa-me do sacrifício visceral...

O verso se decompõe em pétalas de rosa

O poeta tece a inspiração cambaleante

Com o pincel doirado, nascente da alma,

Tudo é verossímil, complexo, inadiável.

Não tenho pressa!

Oliveira Vilma
Enviado por Oliveira Vilma em 10/05/2024
Código do texto: T8060478
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