O RIO TOMOU CONTA DE TUDO
O rio tomou conta de tudo.
Tomou as ruas,
Desfilou nas calçadas,
Congestionou os cruzamentos,
Desceu os degraus das escadas.
O rio entrou na escola,
Viu a última lição no quadro
Sobre meio ambiente da aula passada.
Fez piquetes na sede da prefeitura.
Cercou de barro e lodo o palácio da justiça.
Inundou a casa de gente endinheirada.
Não poupou o canto de assalariada.
O rio pintou a paisagem de uma cor só,
Com tons de desolação.
Tomou conta de tudo,
Sem pedir perdão.
Porque o rio é inocente,
Não tem culpa de nada.