PAULICÉIA
Frio terrível lá fora,
frio aqui dentro de mim.
Neblina no taboão,
neblina no olhar de breu
ferida no coração
ser errante, que sou eu...
E em meio às avenidas
desta louca paulicéia
tua imagem me acompanha,
tua sombra não me deixa...
No meio dos edifícios,
eu me dou, em sacrifícios,
sobe aos céus, a minha queixa.
Eu me escôo nas sarjetas
e me vendo por gorjetas
troco o corpo por trocados,
pra me aquecer do frio
perder-me, no desvario,
pra me esquecer dos teus olhos
marejados de garoa...
Eu sigo na rua, à toa,
olhos também transbordantes,
pensamentos delirantes,
largados, esvoaçantes,
sedentos de liberdade.
Prisioneiros da saudade,
esquinas desta cidade...