NÃO QUERO QUE PARTAS...!
Não quero que partas levando esse viço que contém
nos meus olhos tristes. Que leve contigo a certeza que
o tempo não para se estás só comigo.
Que desperte do sonho profícuo e desmorone esse
templo que é nosso sem se aperceber que somos
senzalas de nós. Quando estamos parados no tempo
sem que à distância permita seguir!
Não quero que partas como um pássaro sem rumo
a migrar sem destino. Como se eu fosse um deserto
de areias e pedras sem vida morrendo...
Como se fôssemos um par de saudades cansadas,
paisagem sem cor. Na linha indireta que forma o
horizonte azul numa doce tortura das ondas que
abraça o mar. Jogando sua espuma na praia salgada
somos nós duas almas a voar!
Não quero que reveles teu amor ao poema mais
pulcro e sagrado. Quisera compor-te em versos
singelos a flor dos teus olhos de mel.
Somos perfeita utopia que alguém já criou sem
pensar. Bebo em haustos inebriantes o orvalho
dos teus desejos. Como gota em versos suaves
que aos poucos te beija!
Não quero que partas para a eternidade tão cedo
e me abandone. Que sinta no coração o pulsar da
última hora do adeus na viagem. Que pressinta a
desesperança te levar mansamente. Que não me
esqueça de quando lá estiver, aqui e agora.
Que não me liberte dos meus sentimentos em
cinzas se além de te amar!
Não quero que partas com o peso na consciência
de que tudo passou. Se de fato a opressão que
guardamos no peito no silêncio dos anos....
Já negou contrafeito os nossos direitos legais.
Se essa vida é um vale de lágrimas de que nos
vale ter almas? Somos simplesmente uma
espécie de algo. Partícula minúscula de um ser
imperfeito e real!
Não quero que partas transpondo o firmamento
dos meus dias mortos. Se fores, leva-me contigo,
num voo passageiro em alto relevo...
Quando fores, ouve meu pranto gelado de dor.
Eu bendigo toda sorte que estar ao teu lado...
É vida! É morte! Não sei se te sigo por este poema
florido. Onde os sonhos desmaiam nas pétalas dos
lírios. Não quero que partas jamais!!!