Para Hoje
Ninguém nos avisou do paradeiro das nuvens
Das águas do rio que cobre suas margens
Ninguém nos disse dos risos desesperados
Dos dias que seguem sem rumo, sem prumo
E a vida segue sem precisar de nós
A mata não se mata, cresce selvagem
Os rios saem de suas nascentes, sem nós
Os bichos se ciam e se procriam, sem nós
E ainda se bons fossemos não seria suficiente
O gosto da avareza e pelo acumulo, somos nós
Homem que devora sem fome, somos nós
Que mata sem necessidade alguma, somos nós
Ninguém nos avisou da nossa onipresença
Da nossa falta de paciência e abraços
Ninguém nos disse dos nossos murmúrios
Da nossa mão fechada, da nossa impureza.
Milton Antonios
08mai/2024