ASAS POR ASAS

à linha da falésia

já não importa nada

nem os grilos

nem pintassilgos

nem melros

nem sopranos

nenhum outro canto

puro ou erudito

resta o cisne da voz

a mergulhar de asas rudes

no mar dos imortais

haverá uma sereia

isenta de escamas

a cobrir-se de bruma

e dela, sim

o canto solene

a embriagar o caído

da melódica curva

à espuma navegante

ousará o horizonte

para lá da praia

é aí que se renasce

nas pontas de rima

ou na brancura dos sons

quando a vida tomba

pintada à mão

e surgem novas, leves

as asas de ser...

08-05-2024

AlexandreCosta
Enviado por AlexandreCosta em 07/05/2024
Reeditado em 01/06/2024
Código do texto: T8058482
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