CALIANDRA.

CALIANDRA

Ah, e se esse vento arisco

Que bagunça meus cabelos

Ventasse leve aos cochichos

E trouxesse os teus segredos

Se esse frescor que arrepia

Fosse em toque de carícias

E pelos dedos de tuas mãos

Viesse um pouco de malícia...

Na estação das folhas secas

Despem-se as quaresmeiras

Sem os bichos tecendo a seda

Emaranhados fios, dessa teia

Não há mais flores nem poema

Não há mais risco nem rabisco

E na escrita, não há mais tema

E da ternura pouca, me esquivo

Cerro os olhos à cor do cerrado

Na Caliandra enxergo meu olhar

Traz no tom o vermelho fechado

E a lágrima que não sabe chorar.

Elenice Bastos.