MULHER TODOS OS DIAS
MULHER TODOS OS DIAS
Totila Artigas
Eu não nasci da tua costela,
Você saiu do meu útero.
Pari você por amor
Amei-o no momento que descobri
Você dentro de mim.
Seu primeiro alimento saiu de mim,
Quando você ainda estava aqui dentro.
Não fui eu quem decidiu teu sexo,
Foi teu pai.
Mas lhe dei todo meu amor incondicional.
Aprendi a lhe ensinar a ser homem,
E lhe ensinei a amar como eu o amo.
Assim você cresceu.
Cresceu e conheceu outras pessoas,
Conheceu outras ideias.
E esqueceu as que lhe apresentei.
Esqueceu o que lhe falei do respeito e do amor.
Ensinaram-lhe a ter ódio às mulheres,
Considerá-las coisa,
Ser inferior,
Objeto,
Mercadoria.
Disseram a você que eu, mulher,
Sou culpada pela entrada do pecado no mundo!
E você, incontinenti, condenou-me.
Como castigo,
Violenta-me,
Espanca-me,
Humilha-me,
Mata-me.
E seus pares dizem que você está certo.
Que a errada sou eu,
Por causa de minhas roupas,
De minha graça,
De minha lascívia.
Mas não culpo você.
Como mãe,
Função primordial da mulher,
Ainda sou capaz de amá-lo,
Apesar de tudo.
Cubatão, 07.03.13, às 22:29