NINHO

velho para os caprichos de minha mãe,

mas deles tão dependente

que não sei ao certo a minha idade,

apesar de tantos sinais presentes.

o que há de tão opiáceo no leite

que me conduz adicto através dos anos,

cativo de um claustrofóbico amor

que não toma ciência de seus enganos?

o que há de tão opressor no afago

que de tanto amor não me permite ver as estrelas?

um útero de aço que me priva do universo.

se há estrelas, porque não vê-las?

claro que disso tudo colho delícias,

mas tais delícias não podem fixar um preço.

o que será de mim quando findar a festa

e o direito se mostrar avesso?