CONTEMPLAÇÃO AÉREA
Eu te contemplo: nuvem clara e nua...
Nos meus sonhos,
Colorindo com raios alaranjados
Esse entardecer,
Agarro as chamas com a mão firme
No acorde espiritual da eternidade
Onde o mar se levanta a me pedir...
O murmúrio dos regatos e o roçagar das folhas
A exaltação do amor em divinais esferas
Conduzindo-me os passos já cansados
No silêncio dos anos emudecidos...
D’ alma vagando nos meus olhos cerrados!
Bebo todos os haustos do orvalho na natureza
No beijo dourado do poente sobre as montanhas
Sou o pequeno arbusto que treme ante a brisa
Dessa aurora em prantos adormecidos...
Atapetado em flores, sou eu a Poetisa!
A solidão tem mãos sedosas, macias e delicadas...
Seus dedos fortes fazem gemer meu coração indócil e frágil,
Suas águas deságuam cantando no mar
Na beleza esplêndida das ondas sem véus
Curvando-se humilde diante o teu meigo olhar!