De todos os meus medos

As vezes me assento\

Em qualquer lugar\

Penso e repenso\

Será que não vou sair desse cercado\

Há tempos que estou sob esse muro\

Como serviçal atormentado\

Todo, mais todo\

Sempre endividado\

Sigo enclausurado\

Na intercessão da luz e do silêncio enlutado\

Na verdade sinto a vida pesar\

Meus erros\

Meus mortos\

Já estou cansado\

De só plantar\

Ainda bem, que conseguir\

Escrever o sorriso nas dificuldades\

Consegui de você a luz\

Mas não soube usar\

Pra iluminar esse quadrado\

Muito me honra\

Ter recebido de ti\

As tuas premissas\

Todavia, muito me dói\

Não ter sabido gerir\

Para crescer\

E ser a esperança desse trem velho andar\

Eu que sempre fui qualquer coisa\

De quase nada\

Sempre olhei dos pés\

Pra água\

Porque nunca consegui encarar o olhar\

Por não ser filho de rei\

Diversas vezes me ensinaram\

Que desse castelo entre tantos príncipes e princesas\

Eu só conseguiria ser o bufão\

Mesmo sem piadas nas mãos\

No horizonte de tantas pistas escuras\

Sem pedir ou querer algo em troca\

Me perguntei tantas vezes\

O que tenho pra dar\

Porque não sabia o que ou onde procurar\

As vezes não sabemos onde a porta está\

Os problemas falam a alma\

As tristezas e ansiedades nos afagam\

A nos sufocar\

Vaidades e prazeres\

Se aproximam a nos enganar\

Mas nunca devemos nos permitir aceitar\

Mas nunca devemos nos furtar\

De olhar a janela\

Há que o tempo pode mudar\

Que eu saiba\

Que tu lembres\

Nunca vi ninguém nessa vida\

Ficar um segundo do dia\

Sem atravessar as tempestades\

Porque ele está lá\

É só procurar\

Então Maria\

Por que queres deixar o mundo te levar\

Então Arthur\

Por que queres deixar o mundo te levar\

Hoje posso não ser celebridade\

Não ter tido o respeito/

Por obras de qualquer caridade\

Porque também aprendi, que tudo é vaidade/

E não se deve fazer pra ser/

Visto que somos todos da mesma igualdade/

Já não me rendo as dores\

Já não me abalo com a saudade\

Do amor\

Ah o amor só sei com sinceridade\

Que sonhei\

E vivi só o prazer\

Por nunca ser um homem de verdade\

Por isso, quem sabe\

Ando vazio\

Com um frio\

Nesse imenso deserto\

Sem ter um teto pra descansar\

Sem conhecer alguém a me completar\

Mas olhe em volta\

E quando tiverem chance \

Amem, riam, sofram, chorem...\

Mas se entreguem sem medo de amar\

Pois só temos essa vida pra cuidar\

A promessa do amanhã\

Não nos cabe pontuar\

Enquanto aqui/

Se o sistema te ensina a competir/

Aprendes errado/

Porque somos do mesmo legado/

O essencial do existir/

Não é mais, que servir/

Nunca será maior do que o coração/

Pode nutrir/

Pra mim e pra você/

O que vai nos fazer valer/

É amar e ser amado /

E não como o fazem/

Ser escravizado da máquina do poder/

Onde o bem maior/

Só os olhos podem ver/