DO BORRÃO

(para o neto, Arthur)

DO BORRÃO

quando eu leio nesses seus olhos tanta tristeza

minha alegria por te rever vira borrão

cai a tinta da feiúra sobre toda beleza

borrando seu sorriso borrando meu coração

nas entrelinhas do seu olhar o que vem escrito

descreve a sua inocente dor escondida

como se a alma pelos olhos desse um grito

um triste pedido para que pudesse ser lida

então o leio e me machuca essa leitura

pois vejo que nele escrevem amor com defeito

e sua alegria se perde na borradura

e o seu sorriso não está escrito direito

não tenho nenhuma borracha para apagar

a sua tristeza que sou obrigado a ler

apenas consigo no caderno do seu olhar

beijar com o lápis dos meus olhos e escrever

que te amo e que o tempo é um escritor

e que te dará o poder de escrever também

no seu coração e com a tinta do meu amor

a nossa história sem o borrão de mais ninguém

Torre Três ( R P )

01_05_24

Torre Três (R P)
Enviado por Torre Três (R P) em 01/05/2024
Reeditado em 01/05/2024
Código do texto: T8054191
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