Uma ode à vida real

Venha deixar a chuva lentamente cair

No ritmo da monotonia que me embala

Este é o pecado que chegou para me redimir

Mas minha certeza é a dúvida que me cala

Se eu não voltar de exílio que eu mesma criei

Plante flores no caminho que eu trilhei

O inverno não pode mais me desesperar...

Nem mesmo os espinhos podem me machucar

Meu jardim já é uma alma a vagar

Pela imensidão de um horizonte sem fim

Inquieta, perdida em uma tola maldição

Adormecida nesta imensa solidão

Apenas escute os murmúrios em volta de mim

Meu corpo tenta caminhar sozinho

Enquanto eu vejo pedras no caminho

Moldadas no medo que eu ainda sinto

O veneno caminha pelas veias que me restam

Meus sonhos são os últimos que contestam

Quando a noite é mais longa que o normal

Venha e ouça meus mais puros pensamentos

Que me controlam, me arrebatam, me condenam

Ouça as vozes que cantam meus pensamentos

Já que a minha foi silenciada sem razão

Esse estigma ainda não me é fatal

Meu sangue fere minha pele como um punhal

Levando minha cruel sanidade

Condenada, maculada pela certeza da dor

Aceito meu destino, seja como for

E o mal dentro de mim ainda não conhece a maldade

Ilusão e realidade

O fogo da vida prestes a se extinguir

Eu componho minha própria felicidade

Com as mãos que só sabem ferir

O conto de fadas já não sobrevive mais

Embora a fantasia devesse ser imortal

Minha inocência, deixei eternamente para trás

Para poder ser recebida pela vida real...