A HORA MORTA
17:45
O alarme do celular dispara
fazendo-me retornar à vida
da qual me exilei do tempo
no cochilo roteiro da tarde
Retorno do mundo das trevas
dos sonos sem sonhos
onde nada acontece ou me lembro
como se dezenas de minutos
fossem de mim usurpados
com a mesma memória que tinha
quando adormeci uma hora atrás
Jamais sonhei nos cochilos dados
talvez porque uma hora seja pouco
para me afastar da realidade
e mergulhar no oceano das quimeras
no qual os sonhos são moldados
no arquitetar onírico das almas
Quantos degraus preciso descer
até chegar aonde acordado nunca chego
e me encontrar com meus desejos mudos
na surdez dos tímpanos anestesiados
e voar com as asas insonoras de Morfeu
rasgando o véu da fronteira próxima
que me separa do meu eu alucinado?
Quando sonho
sou quem realmente sou
Quando não sonho
sou uma falsificação de quem sou
17:45
O alarme do celular dispara
Na hora cochilada
o corpo descansou
e alma se desperdiçou