Tempo
Eu me sinto despreparado...
Eu me sinto despreparado...
Eu preciso de tempo.
Tempo.
Tempo, vai!
Tempo.
Tempo, vem!
Tempo.
No relógio, tic-tac
Tic-tac, tic-tac...
E vivemos numa corrida desenfreada
Onde a humanidade é sufocada
Com o tempo que corre
E não socorre
E todo mundo morre
Porque falta amor na nação!
Não tem alimentação
Não tem água.
Sobra mágoa, sobra mágoa.
A revolta alimenta o coração
E a sede por justiça busca salvação!
Comendo decepção
Bebendo frustração.
Do salário nada sobra
Trabalhou a semana inteira na obra
Desejou uma casa própria
Mas, a condição é imprópria
Improvável ser alguém na vida
Conta de água e luz vencida
As crianças querem comer
Alguém precisa sobreviver
Alguém precisa perceber
Que o buraco é mais embaixo.
Acorda cabisbaixo
Mais um dia
Nessa triste ventania
Que leva tudo embora
Que devora, que devora
E não sobra nem a tal felicidade
Que não cabe na cidade
E quando chove?
Ninguém se move
Perdeu todos os móveis na enchente
Que levou até gente
Derrubou tudo
Desabou o mundo
A avenida travada
A linha de trem paralisada
Não passa nada.
E o governante cai na risada
Tomando um bom vinho
No seu ninho
De concreto e aço
Deitado no regaço
Na melhor área da cidade
Longe de toda a calamidade,
É muita insanidade
Será que o povo sabe votar de verdade?
Porque todo ano o mesmo problema persiste
E não desiste
Sempre existe,
Mas, eu preciso de tempo....
Tempo.
Tempo.
Tempo, passa...
E no meio da massa
Um grito sempre é silenciado
Alguém saí algemado
Porque sempre tem que ter um culpado.
A lei é manter o povo ocupado
Nesse lar desesperado
Lugar desalmado
Onde o rico empresário
Tira o pobre de otário
E o faz cair no conto do vigário.
Trabalhando o ano inteiro
E ainda continuar na borda do despenhadeiro
Sempre sem dinheiro
Sem direito e sem voz
É o encanto do algoz
Mas, insiste um revide
A população é quem decide
E vai para cima mudar sua sina
Para que ninguém fique desamparado jogado na esquina
Ainda com a esperança em dias melhores
Já que hoje vivemos os piores.