ÚLTIMOS ANOS

Não tenho mais

a vida inteira pela frente.

Tenho agora o peso dos anos

na contramão do caminho

e dos meus sonhos.

O futuro é meu inimigo

e o tempo é meu carrasco.

Os anos ficam mais curtas

e a vida cada vez mais

sem substância.

Acumulo na memória

saudades e mortes

na consciência intensa

da minha própria finitude.

Já o tempo do mundo

não é mais histórico

no dilatado presente

de uma época incerta

de plena desesperança.