essa mulher

Sob o sol que se deita nas feridas do horizonte,

A minha gratidão, firme, inquebrantável, marca o início da noite.

Mas sua lembrança, vibrante dançarina nas câmaras da memória,

Grava-se na substância do pensamento, seu éter preenchendo o vazio

Que a acolhe, deformando-se em um amor profundo pelo seu caminhar,

Deliberado e leve, sua nudez, sandálias tecidas em esperança alquímica,

Olhos umedecidos pelo orvalho temerário, jovem, choram sua presença

Aos olhares que ela ama, enquanto sobre sua pele de bronze dourado

Repousam, nas curvas que insinuam o desejo pela vida mais mundana

Ou nos enganam ante nossa mais urgente necessidade. À beira desta noite,

Deixada pelo sol, ela se lava na água tépida que flui de nossos desejos,

Olha para trás e nossos olhares se entrelaçam, ela gira a manivela

Do mecanismo do ser, e o tecido do momento se estende

Para nos envolver em uma promessa que se anuncia doce,

E o sangue nos aquece em uma luxúria atemporal.

Sou eu ou dela, ou é ela quem acende o mundo nas horas escuras?

A sombra já marca nossa pele na noite infernal, estou só, e ela,

Seu corpo, as brasas, as lamparinas se acendem, como se o desejo

Desaguasse em nossas bocas. Me aproximo, ela respira, seus

Olhos carregam uma doçura triste, portadora de um amor intenso,

Seus braços se abrem, essa mulher me envolve na beira de sua fome,

Desejando saciar-se.