Dias de nuvem

De manhã, céu nublado ou chão dourado

De tarde, nuvens se condensam ou mais homogêneas

De noite, são as estrelas do universo distante ou as nuvens escuras de Lua

Sempre que a nuca encurva, que os olhos sentem

De segunda à sexta

Também no sábado e domingo

Quase nunca sua ausência

Nas viagens de carro ou ônibus

Com os horizontes vindo e sumindo

Naquela velha escada de quintal, de ontem e hoje, depois de tantos anos de convivência

Descendo e subindo

Aqui, sentado

Sempre um momento para admirar o seu espetáculo

De sonhar com o paraíso, com a perfeição de um outro mundo

Invisível, impossível

De sentir aquela tristeza do tempo

Do vento que empurra as roupas no varal

De contemplação

Discreto armistício

Em uma dimensão mais profunda

Notando a existência de tudo

Mas também tão simples