cativo
Ainda que ausente desta euforia, outrora desejada,
conhece a impermanência enquanto o temor do escuro
sustenta este estrato desordenado,
feroz e doloroso, nesta vastidão de terra, observo
no varal, o teu vestido dialogando com o vento, outrora
minhas mãos aprisionaram suas mangas, como aurora
tua epiderme narrando alvuras, poros alinhados
transmutando-nos em desejo, tua lira disseminada
entre gestos, aguardando, contudo, um hálito,
não opressor, que te guarde da violência
do anseio e como eu o possuía, nele eu vertia
o fogo sufocado, uma cavalaria áurea atravessando
campos, sob um sol que me tomava, céu desvelado
libertando astros, e os contemplei, sentindo um terror
cósmico ao perceber teu corpo, tremulante, desequilibrando
as estruturas de minha existência, conheci o espasmo dilatado
no tempo, de modo que seu fluir era sôfrego, delírio e
uma estrada nos envolvendo, enquanto cativo, o coração batia,
e tua ausência, reduzida a fragrância, era sorte errante
em sua dúvida, renovando-se a cada
armadilha tua, percebia-me cativo, precoce, na mesma
cortina que já pertenceu ao meu lar, aos meus, aos momentos vacilantes
onde o corpo ansiava por falar, agora, sob a clareza
e a velocidade de todos os corpos que amei, então, cinzas, impureza,
um servo ansiando por ascensão e glória, então vibro nas
tuas artérias e teu coração declama e como declama dos teus
saltos ousados, dos lugares que pisaste e ofertaste
teu néctar à multidão ardente, e amo, imperfeito, esquartejado
pelo real, em busca do que já és, da coragem que já não possuis,
pois cedo ou tarde a vida inteira clama por contenção, e teus olhos
me seguem até a porta, e eu os aprisiono, e neles cravo
meu novo destino, e parto pela porta, deixando-te neste novo
sonho que já vivenciei, carrego a vida em mim enquanto
persigo dela, a porção que, morta, insiste em ansiar pela vida.
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Cativo Reorganizado
Ainda que ausente desta euforia, outrora desejada,
conhece a impermanência enquanto o temor do escuro
sustenta este estrato desordenado,
feroz e doloroso, nesta vastidão de terra, observo
no varal, o teu vestido dialogando com o vento, outrora
minhas mãos aprisionaram suas mangas, como aurora
tua epiderme narrando alvuras, poros alinhados
transmutando-nos em desejo, tua lira disseminada
entre gestos, aguardando, contudo, um hálito,
não opressor, que te guarde da violência
do anseio e como eu o possuía, nele eu vertia
o fogo sufocado, uma cavalaria áurea atravessando
campos, sob um sol que me tomava, céu desvelado
libertando astros, e os contemplei, sentindo um terror
cósmico ao perceber teu corpo, tremulante, desequilibrando
as estruturas de minha existência, conheci o espasmo dilatado
no tempo, de modo que seu fluir era sôfrego, delírio e
uma estrada nos envolvendo, enquanto cativo, o coração batia,
e tua ausência, reduzida a fragrância, era sorte errante
em sua dúvida, renovando-se a cada
armadilha tua, percebia-me cativo, precoce, na mesma
cortina que já pertenceu ao meu lar, aos meus, aos momentos vacilantes
onde o corpo ansiava por falar, agora, sob a clareza
e a velocidade de todos os corpos que amei, então, cinzas, impureza,
um servo ansiando por ascensão e glória, então vibro nas
tuas artérias e teu coração declama e como declama dos teus
saltos ousados, dos lugares que pisaste e ofertaste
teu néctar à multidão ardente, e amo, imperfeito, esquartejado
pelo real, em busca do que já és, da coragem que já não possuis,
pois cedo ou tarde a vida inteira clama por contenção, e teus olhos
me seguem até a porta, e eu os aprisiono, e neles cravo
meu novo destino, e parto pela porta, deixando-te neste novo
sonho que já vivenciei, carrego a vida em mim enquanto
persigo dela, a porção que, morta, insiste em ansiar pela vida.