BALAIOS

Repiso linhas — Meu diário

é uma estrada

cheia de buracos.

Quando chove, vou a nado até a próxima página.

Em noite escura,

se durmo no ponto, até o poema

solapa estrelas.

Teço cordas com orvalhos.

Todo poeta sofre

Com balaios na cabeça

O povo ainda diz

que bicho à toa é quem verseja — Que diacho!

Quem láurea a estrada

Pega picão na roupa, calo na alma

dor no peito e nos quartos.

Entra com flores em briga de galo

— E, coitado! Sequer desconfia

que a rinha é dos grandes.

(parece fácil dormir a noite)