de longe
Onde repousaste o círculo de luz, pois teu braço
Desnudo desfaz o enigma, tua sede entrelaça a minha
No limiar de peles alheias, derramo
A mesma angústia, teu dorso, montanha
Desvelada em sua verdade mais crua, teu ser
Desponta diante de meus olhos, qual diamante
Banha a árvore que o sustém, sou teu
Pálio, a ocultar-te do sangue do mundo,
Porto teu fardo, mesmo crendo que sou
Nada além de um errante em teus enigmas,
Porém, ainda que dance a melodia menos completa, conheço
O ritmo conquistado, na plenitude da mais
Sublime alegoria, desconhecida do pulso que incita o cascalho
A brilhar e se agarrar à memória que paira no vazio
Que delimita a pele do teu ser, que amo, e dele sorvi
O néctar mais puro, o estanho liquefeito no
Clamor daquele grito, onde o vão se expandiu e a vida
Se manifestou ante um coração acuado,
E repousa na fronte do meu desejo, ama-me, embora
Não se proclame, tão vasto o solo desse
Encanto demorado, e tão intocada e palpável essa ânsia
De me encaixar nas dobras dos sentimentos, desfaleço
Para compreender que nasci já percorrendo paredes, que tormento
Essa verdade e me reconhecer em ti pela renúncia e
Não pelo gosto de tua boca, de tua língua fervente,
Caminho a passos lentos, a espinha se desfaz, algo me sussurra
Que não desejas que a fissura se cerre, para que
Teu sopro seja ouvido ao longe