O POEMA POR MIM

Meu poema há de estar em desconforto

Numa crível inquietude inconsolável

Sempre em busca do impossível e inalcançável

A purgação, a catarse no momento do orto

Meu poema há de ser veemência

Um raio atravessando a alma das verdades

Um fogo devorando crenças, notoriedades

E ver, muito mais que sonhos, clarividências

Meu poema há de ver o inverossímil

O espaço entre o encanto e a emoção

O fim do tempo no princípio da ilusão

As cores, o cheiro e a textura do invisível

Meu poema há de ter profundidade

Um querer louco de ser filosofia

Está impregnado de gozo ou agonia

E ser, muito mais fome, que saciedade.