NA CIDADE DE MENTIRA

o rádio ao volume dos ouvidos de quase ninguém

tão sutil que sequer disputa com o quão doce tua voz.

teus olhos reviram me enxergando através do licor [por tanto querer]

exagerados de extensas saudades (antes, e durando ao após),

sentenciada por quase duas semanas feito um chato sermão.

a taça trocando de posse alcança a temperatura de nós.

teu corpo acaricia sem carecer do toque imperativo das mãos,

tais mãos passeantes envolvidas entre gentilezas e gesticular,

as minhas ocupadas com panelas fervendo ao calor do fogão.

em ti suspiros de satisfação, em mim sorriso raro de esboçar [nem tão rara demora, há de desbotar]

em ambos o desejo arredio de demorar a chegar o amanhã.

tua conversa sujeita a amanhecer, teu silêncio solicitando ficar.

viciante é um ser visceral, pura sorte é nascer petulante.

entre risos rasgados e metros quadrados desato em por ques

até onde por delírio do que é íntimo tais dúvidas desejamos sanar?

não há pressa, basta o tempo (rei), resta um rastro de esperança [temperança, insinuava a carta]

nos prazeres da implicância e motivos que insistem em levar

a atravessar essa distância quitando vontades pro tempo queimar.

Pablo Machado
Enviado por Pablo Machado em 18/04/2024
Reeditado em 30/07/2024
Código do texto: T8044347
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