NA CIDADE DE MENTIRA
o rádio ao volume dos ouvidos de quase ninguém
tão sutil que sequer disputa com o quão doce tua voz.
teus olhos reviram me enxergando através do licor [por tanto querer]
exagerados de extensas saudades (antes, e durando ao após),
sentenciada por quase duas semanas feito um chato sermão.
a taça trocando de posse alcança a temperatura de nós.
teu corpo acaricia sem carecer do toque imperativo das mãos,
tais mãos passeantes envolvidas entre gentilezas e gesticular,
as minhas ocupadas com panelas fervendo ao calor do fogão.
em ti suspiros de satisfação, em mim sorriso raro de esboçar [nem tão rara demora, há de desbotar]
em ambos o desejo arredio de demorar a chegar o amanhã.
tua conversa sujeita a amanhecer, teu silêncio solicitando ficar.
viciante é um ser visceral, pura sorte é nascer petulante.
entre risos rasgados e metros quadrados desato em por ques
até onde por delírio do que é íntimo tais dúvidas desejamos sanar?
não há pressa, basta o tempo (rei), resta um rastro de esperança [temperança, insinuava a carta]
nos prazeres da implicância e motivos que insistem em levar
a atravessar essa distância quitando vontades pro tempo queimar.