UM HOMEM
Me perdoem os leitores, es escrevi para o meu pai, quando ainda estava entre nós.
Sem dizer pra onde,
sem fazer alarde,
sem comer com fome.
Vive a vida um homem.
Olhos na cabeça, como um guia comum.
Feito qualquer um,
segue o seu caminho em busca do que é certo.
Incerto de chegar.
Desequilibra nos passos,
tropeça na fúria, deseja e não vem.
Chora baixinho o sufoco que fica.
Não chora na dor.
Está quente, é calor.
E na roupa surrada,
só mostra a labuta
do homem que luta.
Não fala de dentro, não diz coisa alguma.
Do suor derramado por cada desejo,
que sufoca na alma do homem que vejo.