Invisível
Aos meus olhos, peço que não me olhem,
Pois sou como o andarilho sem cidadania,
Como um fantasma social sujo, sem trilho,
Sou como o papel que brinca na ventania.
Livre de mim e do cordão umbilical, vadio,
Como um cataclisma imprevisto, corsário,
Pois, de assalto, tomo o meu coma vazio,
Sou como a apólice do sinistro no armário.
Aos meus olhos, peço que não me olhem,
Pois sou a ação com a cotação em baixa,
Sou como o raio que trombeteou o trovão,
Invisível, sou o ar entre os cantos da caixa.