Invisível

Aos meus olhos, peço que não me olhem,

Pois sou como o andarilho sem cidadania,

Como um fantasma social sujo, sem trilho,

Sou como o papel que brinca na ventania.

Livre de mim e do cordão umbilical, vadio,

Como um cataclisma imprevisto, corsário,

Pois, de assalto, tomo o meu coma vazio,

Sou como a apólice do sinistro no armário.

Aos meus olhos, peço que não me olhem,

Pois sou a ação com a cotação em baixa,

Sou como o raio que trombeteou o trovão,

Invisível, sou o ar entre os cantos da caixa.

Dado Corrêa
Enviado por Dado Corrêa em 18/04/2024
Reeditado em 22/04/2024
Código do texto: T8044266
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