Simples Opostos
Gosto do oposto do fato
Do gozo do ato
Da ferida exposta ao tato
Da ranhura no hiato.
Da loucura imediata
Na palavra que sorve
A boca não calada
Do eixo fora da estrada.
Gosto do beijo na dor infinita
Dos cheiros carnais
De melodias inebriantes
Das cores banais.
Dos medos que me convém
Do soluço da lágrima
A rosa que não chora
Do inverno que me parte.
O olhar desprovido
Da leveza corroída no inesperado
Inunda a face alheia
Do espirito nobre depurado
Gosto da noite escura
Do vinho que inebria
A liberdade impávida
Que mora na palma da beleza
Gosto do composto
No simples consumado
Do sonho deferido por migalhas
Da obra que não se cala.
Da essência exprimida
No grito do destino
Da voz empoeirada
No canto exclamado.
Da luz que vibra e vive
Na gravidade do som
A paz que irradia
Catalizo o amor.