Metade- Inteiro
E fosse a metade da vida
E fosse a metade do tempo
E fosse a metade de nós
O amor que morte nomeia
O nome que não dizemos
Quando estamos na cama.
O olhar disperso sonhando
Nunca estamos satisfeitos
Somos feitos de brisas e dúvidas
Não olho mais para a vida
Ás vezes a vida é feia, toda
E o que é saudade fica
A nos rodear os prantos
Mas não choro há anos
O tempo que temos se vai
E a escuridão entra pelos vãos
Não vou me aborrecer
O circo que carrego na alma
E fosse o inteiro do abismo
E fosse o inteiro da fruta
E fosse o inteiro da alma
A morte que o amor nomeia
O nome que gritamos
Quando estamos na cama
Mas resta um riso morno
Sobre os lábios mortos de frio
E o abraço que não damos
Ainda ontem desejava seu corpo
Apenas seu corpo e nada mais
O que está mais distante
É o que mais ouço.
Milton Antonios
16abr/2024