Desejos

Eric do Vale

As bocas que se encontram

Vão de encontro das línguas

Fazendo com que a pele

Entrem em sintonia, na medida

Que o calor vai aumentando.

O fogo, por vezes, temido

Não deve ser contido,

Quando não há como conter

Os desejos por vezes comedidos.

Essa selva petrificada,

Onde a sociedade se diz

Moderna, procura disfarçar

A sua selvageria, quando

Se vive em um mundo selvagem.

É tão fácil temer o fogo eterno,

Visto que está escrito

Nas Sagradas Escrituras:

"Não pecar contra a castidade".

Por isso, não tem ninguém

Que deseja o castigo divino;

Porém reprime-se os desejos

Compreendidos por Freud

Como uma ânsia necessária

A fim de suprir nossas necessidades.

O castigo divino, o fogo eterno

Clamam pela castidade;

Mas não pior castigo do que

Esse de se prender em convenções

A fim de repreender suas realizações.