Respeito
Não sou feito de aço, mas ferros forjados
Sou feito de maços de flores, de dores
Sou feito de mulheres e de homens
De áfricas e outros lugares.
Não quero rótulos, não quero posses
Quero o que posso carregar nos ombros
No imenso do meu coração, nos olhares
No meu cabelo duro de maciezas
Não quero teu nome, nem tua realeza
Sou feito de chão batido, de asfaltos
De assaltos a minha intensa beleza
Sou assim mesmo um samba na quarta-feira
Quero meu sorriso atrapalhando tua maldade
Não tenho idades, tenho tempos e tempos
Não vim porque quis, seus meios são meus fins
De resto meu corpo é uma festa, uma fogueira
Não sou feio, não sou roto, não sou podre
Sou o que construiu tuas igrejas, teus castelos
E limpou tua sujeira, te dei banho, te dei leite
Me respeita qualquer, pois eu me respeito.
Milton Antonios
19.03.2024