TRAÇOS
Sou a lira de um poeta
Que triste e apaixonado,
Canta juras ao luar
E se sente enamorado.
Sou o olhar da mocinha
Debruçada na janela,
Sou a vida, emoldurada,
Estampada numa tela.
Sou o elo das correntes,
O fogo de uma paixão
As batidas tão frementes,
O pulsar de um coração.
Sou poema — sou suspiro,
Sou as luzes da cidade...
Sou o tempo que ao passar
Deixa rastros de saudade.
(Maria do Socorro Domingos)