Às vezes cansa

Às vezes, a poesia machuca um pouco. Ela rasga e sangra a alma, é como um vento gelado em ferida aberta. Às vezes ela corta, às vezes ela cura…

Não tenho raiva do poeta que me tornei, tenho pesar por sentir demais, pela autenticidade que escapa pelos dedos. Escrita fútil e desesperada… Um escapismo sem rumo definido, metáforas tristes de tédio e gemido, o não sofrer sofrendo, um paradoxo da dor.

Tenho ódio dessa complexidade do ser, do rancor de ser sempre o mesmo, da escrita a lápis que se apaga com o tempo, são palavras malfeitas em rascunhos pesados do passado que lamento…

Às vezes ser poeta cansa, é verdade, mas ainda sim, na escrita, encontro liberdade.