Estar vivo é se perder a todo instante
Sou um cervo perdido em seu próprio bosque. Outrora conhecido e tão familiar, que mesmo em noites profundamente escuras sem lua ou estrelas,
Podia-se ver os morangos silvestres, os insetos ainda acordados, ou o olhar das árvores - hoje nada aqui parece sorrir, e com profunda melancolia
Repouso minha cabeça sobre uma pedra e tento em sonhos regressar ao lugar que pertenço.
Este mundo é mesmo perigoso e belo e eu não sei contudo, seu destino final - o destino de todos nós.
Isso me consome e me angustia.
Agora meus olhos adormecem calmos e minha mente está inquieta. Eu não renuncio os pensamentos.
O pensamento profundo precede a angústia
E após a profunda angústia vem a reflexão
Mas no instante em que estamos angustiados
Só sabemos e podemos sentir.
Espero um dia reconhecer as mesmas faces que me rondam
O mesmo riacho em que satisfiz minha sede
As mesmas flores que nos caminhos por cima passei;
Reconhecer o mesmo céu que separa o etéreo do real,
O limitado do que não se pode mensurar - então eu saberei de onde vim e para onde irei -
Por enquanto somente, cravo meus pés
Nas nuvens de meus delírios fantásticos
Sendo um cervo calmo em apenas aparente razão e impressão, que não se satisfaz com as perguntas que consigo mesmo faz
Na angústia do nada saber que aprisiona-me
No instante em que estou descansando em paz ou correndo em direção ao sol do meio dia
Ou perdendo tragicamente e belamente a vida
Nos oceanos das reminiscências espirituais -
Estar vivo é se perder a todo instante.