Sobre escrever poesias.
Eu não escrevo quando quero.
Bem que eu queria, mas não escrevo.
Não tenho domínio sobre o cérebro,
Nem nas mãos e nas pontas dos dedos.
A poesia sai quando bem entende,
Não depende de mim para existir.
As vezes quando o sol sai ela aparece,
E quando ele se vai, se envaidece,
Murcha e morre para poder "florir".
A poesia é inconstante, orgulhosa.
Se sepulta num papel amassado.
Depois se apresenta frondosa, sem pressa,
Em fotografias de um passado.
A poesia vem , simplesmente vem,
Não me pede permissão, não me dá recados.
Vem assim quando lhe convém
Em retalho de estrofes em bom bocado.
A minha poesia não é minha
É de outro, é sei lá de quem...
É meu par, minha vizinha,
As vezes escrita na cozinha,
As vezes redigida no além.