Roda vilas

Terra de morros

E vidas sobreviventes

Primeira sensação,

Ao sair do avião,

Estar em uma grande avenida

Dentro de uma imensa comunidade

Aos poucos as pitadas de luxo

Numa aura solar ardente

E como sempre na orla,

Os bairros arborizados

Das mansões intocáveis

Com cães se exercitando pelas ruas

Mas lá pra dentro

É que se encontra a cidade

Canal adentro, barraco acima

Muita ladeira, pouca neblina

Na base do amor, ódio ou da raça

Vive a massa que nela pulsa

Muito caro não ser daqui,

Muito raro poder sentir

A brisa do mar sem ser cobrado

Das fitas amarradas,

Das peles pintadas

A luta do dia num sotaque arrastado

Uns falantes, outros calados,

Uns divertidos, outros esgotados

Uns espertos, outros discretos

Tudo, meu caro, tudo meu, caro

Uma cidade para se estar preparado

E não se empolgar mais que o necessário

E dito isso, um lugar aconchegante

Que preserva seu brilho, se polindo

De trovoadas que arrebatam as ruas

E de um sol que se põe como espetáculo

Dessa cidade sentirei certa saudade

Salivarei quando lembrar do teu sabor