Carta ao poeta
Oh nobre poeta,
Impressiona-me a tua astúcia,
Em roubar tão linda flor,
Que cresceu em meu jardim.
O pecado te ronda,
Meu caro amigo.
Praticaste o mais cruel dos capitais,
Usurpar a inspiração deste pobre autor,
Que apenas com palavras consegue expressar,
Seu tão singelo desejo,
De se apaixonar.
Oxalá fosse eu criador de telenovelas,
Ter a fama que possuis,
E o glamour,
Para impressionar,
Tão belas donzelas.
Amigo,
Tenho poucos versos,
Sem a eloquência de um soneto,
E nem o lirismo,
Para nomear poesia,
Apenas escrevo.
Mergulhado neste vazio intenso,
Sou o escuro da noites,
O frio das madrugadas,
Aguardando ansioso pela luz do sol,
Para me deleitar,
Na beleza,
De tal flor amada.
Devolva-me,
O que a ti,
Não pertence.
Faça-me,
Ao menos mais uma vez,
Voltar à eloquência de meus versos,
O gozo das palavras,
E o acalento,
Ao meu coração.