Carência
E um papel repousa ileso
Como se a ausência atasse um nó
Nele nem lágrima, nem verso
Como se o amor virasse pó.
Meu sentimento esboça lento
Um alento a me dissimular
E no coração, meu rebento
É uma dor que me faz calar.
Fico sem fala, bucólico
Como prisioneiro de brechó
E na triste forma que fico
Eu de mim, pareço ter dó.
Mas se mesmo, de tudo incerto
Eu pudesse teu amor avivar
Não estaria mais tão atento
Nessa carência de te falar.