Refluxo
Nunca fui comum
Depois da depressão não vem a alegria
Vem o caos
Nesse caos me resgato
Me realizo
Me regozijo
Resgato a selvageria de que sou feita
Nenhuma voz mansa ou cabeça baixa
Nenhuma subserviência
Nenhum olhar compassivo
Tudo borbulha e eclode
Tudo que me implodiu emerge
E nesses destroços
Há também uma força destruidora
Não é de tristeza
É de coragem arrebatadora
É de intuição primitiva
De um egoísmo libertador
De olhar incisivo
Preciso ser tomada num gole só
Você precisa virar o copo
Sou aquela que rasga a garganta
Faz os olhos lacrimejarem
Mas quando terminar
Já estará desejando a próxima dose.