vermelho deslumbrante
Sob o véu prateado, uma ferida sussurra por um nome,
Água salgada desce, nós, meros espectadores atrás do vidro da vida,
Antes, quem fomos? Esperando na penumbra por um toque de luz,
Ansiando pelo voo, seja como pássaro ou poeta, afogados em melancolia,
Desconhecendo a escada, a ferida brota sem querer,
O tempo, paralisado, golpeado pelo ferro frio da saudade,
Esquinas não viradas, lençóis manchados pelo esquecimento,
Olhares que desafiam, mantendo a verdade enclausurada,
Como um asno teimoso, imóvel mesmo diante da revelação,
Um refúgio, outrora calmo, agora um teatro de horrores,
Despojado de janela, de porta, um delírio sem fim,
O amor desapareceu, e a culpa, sem conhecer sua origem, endurece,
A ferida, um estigma incessante, tecendo o medo, a fuga,
Lembranças de um êxtase, não de uma pessoa, mas de algo,
Não de um, mas de muitos, em uma harmonia sombria,
Invocando uma cratera, de terra ou de fogo selvagem,
Implorando por um nome, na ignorância de seu ser, ainda assim,
Minha sombra, companheira constante nesta viagem,
Se o pus jorrasse, ou o sangue corrompido transbordasse,
Mas o que é uma ferida senão a própria existência, uma roda presa,
Um circo onde o palhaço morreu, um abraço esquecido no tempo,
Se eu acolhesse, ferida, o lamento eterno da vida,
Talvez, então, transformasse, em um lago, um vermelho deslumbrante.