ERRANTE CAMINHAR...
A densidade do meu desejo
É como um estranho enigma
Que trago presa aos ombros
Feito uma teia de torpes padecimentos
Num emaranhado de reentrâncias
Das minhas lembranças
Descosidas
Semimortas
Ressuscitadas
No umbral dos sonhos perdidos...
Acompanho esta sensação vazia
E desordeira que embaça a visão
No parapeito das ondas...
Na janela emoldurada do mar
Das minhas inquietudes...
Na busca desesperada e vilã
Ponho uma couraça
Visto a identidade alheia
Dispo-me do medo errante
Que me arrasta pra bem longe...
Nas minhas veias congeladas
Retorcidas de rubra ansiedade
Retenho minha desventura
E deixo-me condenar inocente
Sem lamúrias dilacerantes...
Uma vez ao menos...
Preciso ser egoísta simplesmente
E desse mundo inteiro arrancar
Esse sentimento que dorme ordeiro
Cavalgar bruscamente entre as feras
Num galope ousado e noturno
E nunca mais regressar confusa
Disparando num céu aberto
Minhas mágoas transparentes
Como um astro absoluto
De mim mesma...