ERRANTE CAMINHAR...

A densidade do meu desejo

É como um estranho enigma

Que trago presa aos ombros

Feito uma teia de torpes padecimentos

Num emaranhado de reentrâncias

Das minhas lembranças

Descosidas

Semimortas

Ressuscitadas

No umbral dos sonhos perdidos...

Acompanho esta sensação vazia

E desordeira que embaça a visão

No parapeito das ondas...

Na janela emoldurada do mar

Das minhas inquietudes...

Na busca desesperada e vilã

Ponho uma couraça

Visto a identidade alheia

Dispo-me do medo errante

Que me arrasta pra bem longe...

Nas minhas veias congeladas

Retorcidas de rubra ansiedade

Retenho minha desventura

E deixo-me condenar inocente

Sem lamúrias dilacerantes...

Uma vez ao menos...

Preciso ser egoísta simplesmente

E desse mundo inteiro arrancar

Esse sentimento que dorme ordeiro

Cavalgar bruscamente entre as feras

Num galope ousado e noturno

E nunca mais regressar confusa

Disparando num céu aberto

Minhas mágoas transparentes

Como um astro absoluto

De mim mesma...

Oliveira Vilma
Enviado por Oliveira Vilma em 07/04/2024
Código do texto: T8036911
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