flui lentamente
No fundo do sonho onde te escondes,
não sabendo que é na tua imagem que o sangue se desfaz,
onde repousaria a tua pele, se as palavras
fossem exiladas como sombras?
Tens o teu corpo,
e nele, meu ser se transforma em fogo selvagem,
que devora o beijo não nascido, e a cidade
se perde em seus labirintos.
Tua boca, que beijo seria
se minha língua tocasse teu escândalo?
Seria como o tremor de uma pedra apaixonada,
ou o questionamento de uma árvore sobre suas raízes,
ainda assim, tememos o curso sinuoso do rio
e rejeitamos suas margens engolidas,
sobre a pele da água, depositamos nossos medos,
onde os insetos dançam, alheios ao abismo
que os envolve, um oceano de inquietação
se espalha, lento e profundo.