MENTE E CORAÇÃO ANDANTES
Quero curtir minha imobilidade,
mobilizando corações,
marcando passadas
em cada gesto,
em cada grão de areia,
carreando-os para o infinito.
Quero sentir
o gosto de ter pernas.
Acariciá-las
com o tato dos meus dedos,
mobilizando todas as moléculas.
Quero sentir-me dançando
ao som de Beethoven ou Bach,
transando a paz de minha paraplegia
ao compasso do coração
e à sincronia do meu cérebro.
Quero andar,
mais do que todas as pessoas,
embora saiba que,
se externamente,
não marco o chão com minhas pegadas,
meu espírito se alicerça
em pernas fortes,
com mente e coração,
energicamente andantes.