A RAZÃO DA MORTE
Em mim existe um pranto simplório
Que não chora por mais aflito que esteja
Unicamente porque teme ferir a sombra
De outras solidões mais delicadas
De outros lamentos de ternura
Na chuva de jasmins sinto teu perfume
Num ramo da vida vago sozinha na noite...
Sobre minha cabeça a flor dos sonhos
Abriu-se em seivas trazidas dos céus
Essa brisa leve pousou nos teus lábios
Espalhando-se esse aroma exausto
Na rosa rubra da rosa desfolhada
Da folha celeste ─ o pássaro cipreste
Vou prolongando a vida do meu sonho mudo
Nas esquinas do tempo estava a morte
Nos versos dos poetas, santos e procissões...
Em mantos de liras davam sinais
Pelas janelas do poente caiam rosas
E se jogavam pelas calçadas amarguradas
Nessa bela e breve manhã de outono
Para a derrota de todas as tardes e noites
No vasto esplendor dos meus sentimentos
Que brilham formosamente em mim...
Nas quatro esquinas surgem:
A morte de coração parado
Na infância de largos ventos
Em arrependimentos universais
Nos dias claros da aurora
A morte chega e ao mesmo tempo canta
Entre as feras, poetas e santos,
Por todos os lados ─ tudo é efêmero
Ao longe ─ o mar no céu altivo e largo...