OS JARDINS PERFEITOS
Observo nos jardins perfeitos dos sonhos
Quantas plantas esmaltadas e belas
Os velhos com um sorriso de milênios
Estampado nos lábios de sabedoria
Na memória ─ o rio da vida!
As mulheres vestidas de sedas finas
Exibindo cascatas de joias
Voando como negras andorinhas...
As crianças delicadas contemplando
Os brinquedos novos e os palhaços do circo
Cintilantes bailarinos a dançarem...
E os homens altivos e guerreiros
Às vezes, serenos e desconfiados,
Lutando pela Pátria ─ a liberdade do seu povo!
E os carros velozes, a música ressoa...
A vida é maior do que todas essas coisas
Bem acima das expectativas que fazemos...
Há o sol que chegou bem mais cedo do alto
Da montanha onde vejo nuvens suspensas
Como roupas soltas no céu que se abrem no ar...
A minh’alma cheia de amor e ternura
Nesse mundo sem portas que não me pertence...
Há uma saudade da infância secular
Quando brotou o primeiro botão de flor...
Há um desejo de permanecer no mesmo lugar
Sob as cortinas esvoaçantes de tule ouvindo
Lá fora o vento passar e sacudir suas asas
De dançarino como se fosse me arrastar...
Há uma lágrima no meu coração inquieto
Que não sabe compreender o momento sublime
Quando a derradeira canção se acaba e morre
a lua precipita-se jogando-se dos céus a Terra
Lançando-se no ar e partindo-se em mil pedaços...