Só por um dia
A poesia é coisa de bêbado,
Embriagado pela vida,
Escreve e chora suas tristezas,
E ao avesso,
Rima suas alegrias.
Não sei se trova,
Poema,
Ou liturgia,
Palavra é vício,
E a desejo,
Tenho a fome,
Todo dia.
Me alimenta a alma,
E a uso como terapia,
O que a boca cala,
A mente expõe,
E cria realidades,
Um culto a deuses inelegíveis,
Em nova teologia.
Sou poeta,
Cordelista,
Trovador,
Cancioneiro,
E contista.
Sou o verso,
O verbo,
Um sinônimo,
Genérico,
Rasgando a fantasia,
Em meio a avenida.
Tenho a visão periférica,
Utilizo as margens,
Um marginal,
Que não se rende ao óbvio,
Questiono o absoluto,
Através da poesia.
Mas quem sabe um dia
Alguém se encante
E por um instante
Este poeta vire poesia
Mesmo que só por um dia.